O empresário Eike Batista apresentou nesta terça-feira (17), durante a feira AgroVem, em Goiânia, um ambicioso projeto voltado ao setor sucroenergético: a “supercana”. Segundo ele, trata-se de uma inovação agrícola desenvolvida ao longo de duas décadas de pesquisa, que reúne 17 variedades da planta com alto potencial produtivo e aplicações sustentáveis.
“Essa supercana foi desenvolvida nos últimos 20 anos. Hoje estamos prontos para, literalmente, trocar a cana plantada no Brasil por 17 superespécies. Elas poderão ser cultivadas do Nordeste ao Paraná”, afirmou o ex-bilionário, presidente do grupo EBX, ao público presente no evento.
O projeto, que marca o retorno definitivo de Batista ao cenário empresarial, tem como foco a produção de biocombustíveis e embalagens biodegradáveis. O destaque está no uso do etanol derivado da planta para a fabricação de combustível sustentável de aviação (SAF), além do aproveitamento do bagaço para produção de plásticos ecológicos.
“É uma provocação para quem trabalha no agro e na mineração. É hora de pensar grande, buscar eficiência. Jacaré que não presta atenção, vira bolsa Louis Vuitton”, disse o empresário, em tom descontraído, ao criticar a falta de inovação em alguns setores.
Apesar da empolgação, o anúncio foi recebido com cautela por especialistas e representantes da indústria canavieira. Segundo reportagem da BBC publicada em abril, projetos semelhantes ligados à chamada “cana-energia” já foram abandonados por centros de pesquisa nacionais por questões de viabilidade econômica.
Eike, no entanto, rebate as críticas. “Nosso foco não é gerar energia por queima. A proposta é muito mais nobre. Estamos falando de bioplásticos, embalagens e combustíveis sustentáveis que poderão ser usados até pela Emirates”, afirmou, citando a companhia aérea e o fundo árabe Abu Dhabi Investment Group (Adig), parceiro do novo empreendimento.
Atualmente, a supercana é cultivada em caráter experimental em Araras, no interior de São Paulo. A primeira fase do projeto comercial deve ter início ainda este ano, com o plantio de 50 hectares no norte fluminense, nas proximidades do Porto do Açu. Três fábricas para o processamento da matéria-prima também estão previstas para a região.
A expectativa é de que as embalagens biodegradáveis comecem a ser produzidas em 2026. Já o SAF tem previsão de início de produção em 2028. A meta é alcançar 70 mil hectares cultivados até 2031.
Segundo Batista, o projeto já atraiu o interesse de cooperativas dispostas a formar consórcios para adoção da nova variedade agrícola.